terça-feira, 3 de novembro de 2009

MASDAR

O Governo Abu tem convidado empresas de referencia mundial a instalarem-se na cidade sustentável de Masdar, um projecto, com conclusão prevista para 2016.


Estamos perante a primeira cidade 100% sustentável! Um investimento de 22 mil milhões de dólares, que está a atrair empresas de todo o mundo para ser uma referência mundial, não só na área das energias renováveis, mas também a todos os outros níveis relacionados com o ambiente e com a eficiência de tudo o que se utiliza ou se usa numa cidade. Haverá zero de desperdício, já que, toda a produção será reciclada.

O projecto de seis milhões de metros quadrados é fundado no modelo árabe da cidade murada articulado com tecnologia moderna de modo a alcançar uma sustentabilidade com desperdício energético nulo e continuo aproveitamento das energias utilizadas.

Masdar transformar-se-á num dos centros estratégicos de Abu Dhabi, com o interface de transportes a operar a curta e longa distância com o aeroporto internacional, permitindo a utilização oportuna da modernas redes viárias e a inserção do lugar na estrutura ferroviária e de transporte urbano.

O programa geral inclui a sede para a futura companhia energética de Abu Dhabi, uma universidade e um forte núcleo comercial apoiado por um ‘Innovation Center’.

A cidade desenvolver-se-á em duas fases, sustentadas em primeiro lugar pela central nuclear que se transformará na área de intervenção para a grande construção numa segunda fase. Assim, garante-se o crescimento urbano progressivo evitando que intervenções de pequena escala acabem por consumir o plano geral.

É nesta cidade projectada por Norman Foster que o Governo de Abu Dhabi pretende instalar a Agência Internacional de Energias Renováveis caso consiga vencer a batalha travada com três países europeus (Alemanha, Áustria e Dinamarca) para ser a sede do organismo.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O novo paradigma do planeamento e ordenamento do território e das cidades

O novo paradigma do planeamento e ordenamento do território e das cidades está também directamente relacionado com a eficiência energética e qualidade de vida das pessoas.


As cidades de Angola que agora iniciam o seu crescimento têm a oportunidade que muitas cidades do mundo já não têm, para abraçar o novo paradigma do crescimento das cidades.

Este novo paradigma passa por criar centros de comércio e de empregos junto das áreas residenciais periféricas. Pelo crescimento vertical (apesar de haver visões contra este tipo de crescimento, parece-me a solução mais profícua) em detrimento do crescimento horizontal das cidades. Passa também por eficiente rede de transportes e utilização oportuna de modernas redes viárias, ferroviária e de transporte urbano, rápido e personalizado. Nas “novas cidade” será possível reduzir, ou até mesmo eliminar os carros na zonas históricas, os habitantes deslocar-se-ão através de um metro ligeiro de superfície e de um sistema de transporte individual, subterrâneo, em pequenos veículos eléctricos.

Haverá centros de reciclagem, centrais para tratamento de resíduos, centrais para tratamento da água com plantações de espécies diversas para a produção de bens alimentares na periferia da cidade. No caso das cidades de Angola estas poderão ter uma rede compacta de ruas com áreas constantes de sombra como a melhor forma de encorajar as pessoas a andar, protegendo-as das condições climatéricas extremas do calor. O imenso número de horas de sol angolano não será só usado para o turismo este será utilizado nos telhados dos edifícios em Angola, a energia solar vai ser a mais utilizada para as habitações.

Este novo paradigma de cidade, já está me curso nos Emiratos Árabes Unidos, em Abu Dhabi, com a criação de uma cidade de raiz – Masdar.

O país tem 12 horas de sol por dia: a energia solar vai ser a mais utilizada. Para as habitações, o atelier de Norman Foster projectou edifícios baixos com painéis solares no telhado. Além disso é indispensável evitar meios de transporte poluentes. Não haverá carros na cidade da Masdar Initiative. Qualquer transporte, loja, entidade ou instituição estará a uma distância máxima de 200 metros. Para isso foi projectada “uma rede compacta de ruas” com zonas constantes de sombra como a melhor forma de encorajar as pessoas a andar, protegendo-as das condições climatéricas extremas – ou seja, o calor infernal próprio da região – a que o Abu Dhabi está exposto. Além disso, a rede de transportes é rápida e pode ser personalizada. Na cidade sem carros, os habitantes deslocar-se-ão através de um metro ligeiro de superfície e de um sistema de transporte individual, subterrâneo, em pequenos veículos eléctricos.

O modelo americano

Por exemplo, o modelo americano de desenvolvimento das cidades com base na expansão urbana para os subúrbios, os incentivos de compra de casa própria nesses subúrbios, construção de auto-estradas de acesso aos subúrbios e “esvaziamento” demográfico dos centros da cidade tornando-os em meras zonas de serviços, tudo isto é um modelo ultrapassado.


O modelo americano que tem como base o alargamento das cidades com concentração de serviços no seu centro produziu efeitos nocivos aos seus habitantes.

Com as pessoas a morarem cada vez mais longe dos seus locais de emprego, a necessidade de deslocação aumenta, este facto acarreta graves prejuízos para as pessoas e economia de um país. Por exemplo, com o passar de horas em filas de transito todos os dias ao longo de uma vida cria danos na saúde com o stress diário e com poluição do ar, tempo perdido para as pessoas e empresas, mas mortes nas estradas e obvia degradação da paisagem. Quem vive em Luanda sabe muito bem o que isto significa!

Por outro lado, este tipo de crescimento de cidade trouxe graves prejuízos ambientais e desperdícios energéticos, já que, o pára-arranca aumenta o consumo do automóvel em mais de 50%. Todos os dias os congestionamentos de trânsito significam perdas de milhares de dólares para a economia de um país.

Urge rever o:

Programa Nacional de Politica de Ordenamento do Território, contendo as orientações e directrizes para a organização espacial em todo país;

Planos Regionais de Ordenamento do Território, contendo os instrumentos estratégicos, com linhas de orientação de gestão do território que levem em conta a evolução demográfica e as perspectivas de desenvolvimento socioeconómico, e gizar, a partir daí, as directrizes de ocupação territorial a nível regional, como por exemplo a localização de infra-estruturas;

Planos Sectoriais, onde estão inscritos as responsabilidades dos diferentes sectores da administração central que tenham alguma influencia sobre o ordenamento do território;

Planos Intermunicipais de Ordenamento do Território, que servem para melhorar e optimizar a coordenação entre dois ou mais municípios. Podem abranger a totalidade ou parte dos concelhos de uma Província;

Planos Directores Municipais que determinam de forma objectiva como devem ser dividido o espaço de um município, entre áreas rurais, urbanizadas ou de expansão urbana, espaços verdes, áreas de equipamento e outros tipos de uso do solo.

Planos de Urbanização e Planos de Pormenor, estes planos detalham os PDM em determinados espaços do município, os planos de urbanização definem as redes viárias básicas, indica a localização das habitações, comércio, serviços e os equipamentos colectivos a construir. Os planos pormenor tal como indica o nome são mais cirúrgicos, são a base para os projectos de execução das edificações, ruas, jardins e outros equipamentos. Importa salientar que os planos de pormenor também podem ser construídos para espaços rurais;

Planos Especiais de Ordenamento, são suplementares e apenas elaborados pela administração central com o intuito de proteger valores naturais de interesse nacional, que podem ser de três tipos – Planos de Ordenamento das Áreas Protegidas, Planos de Ordenamento da Orla Costeira, Planos de Ordenamento das Albufeiras de Águas Públicas (Garcia, 2004).

A favelização das cidades de Angola

A favelização das cidades de Angola trará gravíssimos prejuízos económicos, financeiros e sociais para o país.


Por exemplo, todo o potencial turístico que Angola tem que podia trazer vários milhares de milhões de dólares e mais de um milhão de empregos a médio e longo prazo será gravemente afectado com a favelização dos espaços urbanos. Por outro lado, será inevitável o aumento da criminalidade violenta e generalizada como se verificam no Brasil, onde muitas favelas são autênticos Estados dentro do Estado brasileiro, situação esta inaceitável para qualquer Estado soberano.

São vários os académicos que defendem o regresso em massa de muitos habitantes das cidades para os campos, o problema é que nenhum deles diz como é que isso pode ser feito sem “beliscar” a livre circulação de bens e pessoas.

As pessoas tem de abandonar as cidades, regressando aos espaços rurais não só de livre vontade como também com motivos válidos para o fazerem.

Teoricamente ainda estamos a tempo com excepção de Luanda (a não ser que se gaste muitos milhões de dólares), de resolver todos estes problemas de desordenamento urbano com bons planos de planeamento e ordenamento do território que levem em consideração o que é relevante para um harmonioso uso do território.

Os instrumentos de planeamento e ordenamento do território ao serem desenvolvidos devem prever níveis de expansão urbana capazes de absorver o aumento brutal da população.

Os mencionados instrumentos devem igualmente criar condições para melhorar as condições de vida dos cidadãos; trabalho; lazer; assegurar uma distribuição equitativa de habitação; preservar os solos com aptidão agrícola; rentabilizar as infra-estruturas, de forma a evitar o alargamento desnecessário dos perímetros urbanos, este último ponto é de extrema importância.

A favelização das cidades de Angola, os empreendimentos imobiliários e a construção de estradas para crescimento de subúrbios está a aumentar excessivamente o perímetro urbano destas, contrariando o novo paradigma de ordenamento e planeamento das cidades.

Planeamento e Ordenamento do Território em Angola

Não poderia deixar de reflectir sobre a temática do planeamento e ordenamento do território de Angola, sobretudo porque não podemos aceitar que as cidades africanas terão de ser obrigatoriamente caóticas, sujas e desordenadas. Este é um dos casos que devemos ter a responsabilidade e o dever de mudar, nem que seja, por uma questão de orgulho angolano, ou seja, se no tempo colonial as cidades angolanas eram comparáveis ás melhores cidades do mundo, qual a razão para não voltar a sê-lo!


O planeamento e ordenamento do território são determinantes para uma protecção eficaz da saúde humana, do ambiente, do património e para a promoção da qualidade de vida.

O interior de Angola está com uma fraquíssima densidade populacional, contudo as cidades estão a cada dia que passa mais “dilatadas”.

O êxodo rural em países com a característica de Angola é uma realidade que ainda perdurará durante vários anos, que contribui como alavanca para o aumento das manchas urbanas. No entanto, esta situação não é sustentável a médio e longo prazo, sobretudo porque provocará a desertificação do interior de Angola por um lado, e excesso de população nas cidades por outro.

O forte êxodo rural de Angola tem duas fases distintas uma primeira fase iniciada em finais dos anos setenta do século XX provocado pelo inicio da guerra civil, a segunda fase iniciada com o acordo de paz de 4 de Abril de 2002. A tão ansiada paz de Angola quando chegou trouxe um forte crescimento económico da capital, consequentemente todos os dias chegavam a Luanda pessoas vindas de todos os cantos de Angola à procura de mais e melhores oportunidades, assim, Luanda alberga quase metade de toda a população angolana.

No final da primeira década do século XXI começam outras capitais província de Angola a conhecer também o crescimento económico, com destaque para Benguela, Lubango e Huambo, aliviando a pressão demográfica de Luanda.

No entanto, ao analisarmos o ordenamento e planeamento destas cidades verificamos que os centros das cidades estão a ser absorvidos por uma periferia urbana que cresce a cada dia que passa de forma caótica, predominando habitações muito precárias ao estilo de favelas do Brasil.